Decisão aponta que estatuto prevê instauração de processo ético antes de votar afastamento

20
Fevereiro

Decisão aponta que estatuto prevê instauração de processo ético antes de votar afastamento

Escrito por 
Publicado em Economia

Fonte:Da Redação / www.folhamax.com.br / CARLOS DORILEO

O juiz convocado do Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região, Nicanor Fávero Filho, deferiu uma liminar que determinou o cancelamento de uma assembleia geral extraordinária que seria realizada na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio -MT) nesta segunda-feira (20). A reunião havia sido agendada por 10 sindicatos ligados aos setores econômicos de Mato Grosso, que denunciaram que a entidade, sob a gestão do atual presidente, Hermes Martins da Cunha, havia utilizado recursos da associação no pagamento de advogados que representam a Loja Maçônica Grande Oriente do Estado (G.O.E).

O presidente da Federação utilizou duas teses para impedir na Justiça a realização do encontro que poderia afastá-lo do comando da organização por 180 dias. O primeiro argumento foi de que os conselheiros que convocaram a assembleia não teriam respeitado o “prévio processo regular administrativo, a fim de assegurar a ampla defesa e o contraditório, além de ter sido usurpada a competência da Comissão de Ética”.

Hermes da Cunha alega que não foi dada a ele a chance de se defender das acusações perante seus colegas na própria federação. “O estatuto da Federação prevê que antes de se requerer o afastamento, era necessário instaurar um processo ético contra o presidente da federação para verificar a procedência da denúncia. Hoje, não existe nenhum processo ético contra o senhor Hermes Martins”, explicou o advogado da presidência da instituição, Hélio Machado.

A argumentação foi destacada na decisão do magistrado, que considerou que as regras para afastamento do presidente foram desrespeitadas. “A ordem procedimental foi invertida a fim de afastar primeiramente o acusado para somente depois apurar a existência de regularidades", assinala a decisão.

A segunda tese utilizada pelo presidente da Fecomércio foi a falta de quórum mínimo para convocação da assembleia, uma vez que um dos que requereram sua realização, o conselheiro Marcos Sérgio Pessoz, “não possui legitimidade jurídica para representar entidades sindicais no Brasil, visto que não é brasileiro nato, nem naturalizado, mas sim cidadão italiano, sem poderes políticos no país”.

Em sua decisão, o juiz convocado do TRT afirmou que o dispositivo estatutário da Fecomércio não foi desrespeitado, uma vez que a assembleia do grupo pode ser convocada “observando o quórum de 2/3 (10 de 15 sindicatos membros)”. Ele ponderou, no entanto, que há normas específicas para “suspensão, substituição e perda de mandato” de integrantes da cúpula da Federação.
Além de cancelar a Assembleia Geral Extraordinária, o juiz do TRT determinou multa de R$ 50 mil a cada infrator em caso de eventual descumprimento da decisão.

O CASO
Hermes da Cunha, presidente da Fecomércio-MT, foi acusado por dez sindicatos da Federação por ter contratado o escritório de advocacia Antônio Luis Ferreira Associados, em março de 2016, pelo valor mensal de R$ 6,5 mil para a defesa de 10 ações. Dois dos processos, no entanto, não possuem relação com a Fecomércio, segundo os sindicalistas.

Um deles trata da devolução de um terreno doado irregularmente pelo governo de Mato Grosso, durante a gestão de Silval Barbosa (PMDB), à Loja Maçônica Grande Oriente do Estado. Em sua defesa, o presidente da Federação alega que o ex-presidente da Federação, Pedro Nadaf, assumiu a responsabilidade das supostas fraudes.

Nadaf, confessou aos conselheiros da Fecomércio, ter usado a instituição para desviar recursos públicos à época em que era secretário do ex-governador Silval Barbosa (PMDB). O presidente da Federação também foi acusado de gastar R$ R$ 173 mil da entidade numa viagem aos Estados Unidos. Hermes Martins alega que o custo total da viagem foi de R$ 194 mil.

A viagem fez parte de uma “missão” encabeçada pelo Sebrae. Desse total, R$ 90 mil foi custeado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio). E os R$ 104 mil restantes, foram pagos pela Fecomércio. Os valores foram utilizados para custear despesas com passagens e hospedagens. O presidente alega ainda que todos os conselheiros da instituição estiveram presentes na missão.

Lido 439 vezes Última modificação em Segunda, 20 Fevereiro 2017 22:31
Avalie este item
(0 votos)

banner lateral

 

GRUPO ENTREVIA - EVENTOS EM GERAL- TEATRO - DESIGN GRAFICO - FOTOGRAFIAS - ASSESSORIA GLOBAL